quinta-feira, 27 de maio de 2010

desapego

Tudo o que ela queria era que ele voltasse a olhar para ela como antes, voltasse a chamá-la daquele jeito que a agradava tanto, voltasse a pensar nela antes de qualquer outra coisa, qualquer outra pessoa.
Não seria possível que depois de tanto tempo lutando por ela, ele teria desaprendido a amá-la. Isso era tudo que ela não queria. Se arrepender de deixar tudo para trás por ele. Ela sempre soube dos riscos de que talvez não fosse valer a pena. Ela o conhecia, mas estava apaixonada. Ela arriscou.
Ele não ajeitava mais o cabelo dela, não sorria sutilmente quando os dois se encaravam, não a observava enquanto ela andava pela casa, não precisava dela tanto quanto antes. Ela fora só mais uma de suas conquistas, daquelas que ele gostava de brincar, de ir atrás, de aproveitar as primeiras horas assim que conseguia. E depois...
- Você é impossível - ela disse, assim que ele abriu a porta da casa.
Ela estava sentada no sofá, com os olhos úmidos por trás das lentes dos óculos, lendo mais um de seus românces utópicos.
- Eu sei - ele respondeu baixo, tão baixo que talvez ela nunca tenha escutado, nunha tenha descoberto que ele não fazia de propósito.

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