domingo, 18 de março de 2012

fênix

Ela veio de tão longe.
O começo de cada jornada é a parte mais difícil. Tomar a decisão de recomeçar, seguir um rumo diferente afim de consertar diversas sequelas... nunca foi fácil. Mas ela já estava longe do seu ponto de partida. Andara e crescera tanto que parecia besteira considerar voltar. Então, com um sorriso no rosto e o sol aquecendo sua pele, ela mantinha a ideia de prosseguir - constantemente.
Nesse novo lugar, gerando ocasiões onde a liberdade era a unica voz que falava mais alto que o silêncio, ela jurava que estava feliz. Era aparente; mesmo que as vezes vacilasse, ela nunca deixaria de seguir em frente.
Mesmo fora de sua zona de conforto, fazia tempo que ela não se sentia tão bem. E nada, quanto menos alguém, poderia reverter tal situação.

sexta-feira, 9 de março de 2012

validades

"I wanna be forgotten,
and I don't wanna be reminded"
What Ever Happend, The Strokes

Aí eu faço o que? Ajo com indiferença, porque me ensinaram a fazer isso. Pelo menos, é um dos únicos jeitos que alguém consegue me manter interessada, aparentemente. Então eu falo qualquer coisa, mas depois bate aquela nostalgia. Daquela época que a pessoa ligava, se importava - tanto. E aí reparo que, provavelmente, ela está na mesma situação - a não ser pela parte que me dei ao luxo de sentir saudades. Saudades não, eu não voltaria atrás. Mas é tão vazio ver o quanto mudou. A única conclusão que pude tirar foi "o quanto o tempo passa", e aí depois de alguns minutos, esqueço. Percebo que realmente não muda nada; é só mais um rosto - menos um, talvez? Eu sei lá, eu só não queria ter sentido essa pontada de angústia por ter sido tão violento na época e tão remoto hoje em dia. Mas, e daí? É só a vida.

sábado, 3 de março de 2012

terceira Lei de Newton

"They say it changes when the sun goes down,
around here"
Arctic Monkeys

- Quanta frieza - alegou ele, com ambas as mãos nos respectivos bolsos, encarando-a sem ter certeza se devia ter dito aquilo.
Ela permaneceu quieta, mas abriu um sorriso.
- Te fiz sorrir - ele disse, sorrindo de volta.
Ela sorriu mais.
Mas não respondeu. Não tinha como. Ela era mais uma daquelas meninas que deixava passar com facilidade aquilo que tivesse conquistado facilmente - sem nenhum pudor. E também tinha o interior vulnerável, era mole por dentro... Acontece que não era uma capa que gerava a frieza dela, e sim um conjunto de ocorrências que lhe provou que ela ganharia mais se fosse assim. Não era um ato, ela realmente havia se tornado insensível. Aquele que conseguisse acessá-la, ah, este... Ela saberia o que fazer.
- Não vai dizer nada mesmo? - ele perguntou, depois de mais alguns minutos de silêncio.
- Sabe... - ela disse, encarando-o da mesma forma que ele o fazia - Me perdoe. Não é proposital, eu já fui diferente.
- Eu sei, me lembro. Porque não volta a ser do jeito que era antes? - ele perguntou, curioso.
- Já percebeu que, se eu fosse do jeito que era, você não teria se dado ao trabalho de me fazer essas perguntas? - respondeu, sarcásticamente, antes de sorrir de novo e dar alguns passos na direção do rapaz.

oposta

"The more I see, the less I know"
Red Hot Chilli Peppers
Falam demais, mas são só palavras. O foco é o excesso. Para que? Eu não gosto dessa mania de companhia. Parece uma paisagem em preto e branco, desfocada, mas são só palavras e pessoas com cabeças fechadas. Eu não gosto disso que todo mundo gosta, eu não penso como todo mundo pensa. Não busco os mesmos ideais, não faço questão daquilo que todos querem. Penso sozinha, dia e noite, penso - e queria pensar menos. Mas pensar... Ah, pensar é melhor do que falar.