sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"I try, but you see... It's hard to explain"

"It's that feeling when you hear your favourite song. That feeling, whether you're in a car, at a party or alone at home or in bed and you hear this song and it just hits you so strong - that’s what we aim for."
Julian Casablancas

Já fazem alguns minutos que me sentei e comecei a encarar o teclado do meu computador, analisando em seguida as minhas unhas. Aliás, as fiz hoje - estão cinzas. Continuando, além de estar analisando minhas unhas, estou ouvindo música. Strokes, para ser mais precisa. Coloquei o fone de ouvido e aumentei o som - a unica ocasião em que uma música te causa um impacto tão grande quanto ouví-las com fone de ouvido é numa festa.
Tanto faz, só estou enrolando pra botar pra fora essa coisa que a gente sente quando escuta uma música que a gente gosta. Por exemplo, estou ouvindo músicas aleatórias - estava tocando "What Ever Happened" e, enquanto escrevia, começou "Machu Picchu", ambas dos Strokes. E ambas me fazendo sentir essa coisa que ninguém nunca vai conseguir explicar. Essa inquietação que parece eletrificar o corpo todo, mudando seu astral por alguns minutos. Essa coisa que te faz sorrir, só de você poder cantar junto dentro da sua cabeça. Essa coisa que o sub-consciente faz sem autorização, te dando uma sensação que só a música pode te proporcionar - e quando é uma música da sua banda favorita, realmente, é impagável.
No final das contas é muito mais confuso do que parece. Essa força, esse arrepio que você sente quando escuta uma música que te tira do sério de tão boa... essas coisas são as mais simples e marcantes que a vida pode te dar. Como num dia que eu viajava com meu pai e ele me mostrou uma música do Radiohead - ele se arrepiou inteiro.
Caso não esteja acompanhando, simplesmente pare de ler. Caso não esteja interessado(a), faça o mesmo, porque a complexidade é tanta que nem eu estou conseguindo botar pra fora o que estou sentindo (daí vem o trocadilho do título do texto... para quem não sabe, é um trecho de uma música deles). Estímulo não me falta para concluír este texto: estou ouvindo "You Only Live Once" (Strokes, de novo).
É só que quando você finalmente põe os fones de ouvido e aumenta o volume ao ponto de não conseguir e não querer ouvir mais nada, você acaba indo para outra dimensão. A maneira de pensar - ou de simplesmente não pensar é tão agressiva. Mexe com você de uma maneira incomparável.
E é por isso que vou sair de casa em algumas horas, levando só meu iPod e minha caixinha azul-turquesa. Porque eu quero sentir essa coisa de maneira bruta enquanto simplesmente tiro um isqueiro do meu bolso e reparo no quanto o mundo me afeta pouco perto do que uma simples banda nova-yorquina pode me causar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

novo ar

Eu vi o tempo passar e pouca coisa mudar, então tomei um caminho diferente.
Charlie Brown Jr.

Mudar não é um ato que se escolhe, como qual roupa vestir. É um processo - longo, intenso - que ninguém começa sem motivos. É sempre fruto de uma dor, um aprendizado, um cansaço das lágrimas derramadas à toa, uma insatisfação relutante em relação à realidade em que vive. O tempo faz parte dessa coisa louca e natural que a gente chama de "mudança", no qual nosso modo de ver as coisas passa a se alterar, gerando um novo alguém, muitas vezes mais perspicaz que o anterior.
Nem sempre o que é novo é melhor, mas seria uma pena inverter a reta crescente que aponta para um ponto inatingível que vivemos sonhando em alcançar: se transformar naquilo que sempre quisemos ser. É outra ilusão desse poço de sonhos e utopias que o mundo chama de vida, na qual muitos se afogam. O ser humano é um animal insaciável, mutável, sensível. Não sofrem fases, sofrem mudanças. E, afinal, nada melhor do que a coragem de mergulhar de cabeça quando se sabe nadar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

climax

"Oh, no, my feelings are more important than yours.
Drop dead, I don't care, I won't worry"
Razorblade - The Strokes.
Sempre desconfiei que sentisse falta. Aliás, sempre desconfiei que também sentisse falta. Na verdade, vou ser honesta: sempre tive certeza. O jeito como ele continua evitando meu olhar revela. Não quer nem saber de enfrentar o que jogou fora, e refletir sobre a perda - eu não daria um passo para trás, sequer. Desde que continuássemos com essa máscara de "indiferença", tudo estaria ótimo. Aceitável, uma vez que a máscara já estava fazendo parte do meu rosto - adaptar-se é mesmo uma arte.
- Ele me perguntou de você - me contaram.
De fato uma surpresa... Não estava esperando por nada, ainda mais vindo dele. Acontece que ele não tem esse direito. Me recusei a olhar em seus olhos. Nem pensei nessa hipótese, simplesmente ignorei - fiquei craque nisso, levei um tempo para aperfeiçoar esse ato. Porém, por mais que eu tivesse passado reto (automaticamente), eu reparei no modo que me olhou. Com o canto dos olhos, ficou aparente - a maneira como ele me encarou. Suponho que quase tenha soltado um riso, mas caso não o tenha feito, foi porque a ausência dos olhos nos olhos lhe fez falta - sei disso porque o conheço, melhor do que ninguém, é um fato. Comprovado. Quantas vezes já não havia me dito tal teoria? Impactante, mas já deixei de ligar.
Uma excessão, essa história - havia começo, meio, mas não o fim. Como se fechassem o livro na metade da leitura. Não há mágoas, mas já comecei outro - obviamente, eles sabem o quanto gosto de "ler".