quinta-feira, 12 de agosto de 2010

perfume

Não consegui nem dormir direito na noite anterior; depois de quatro meses de namoro, eu ia conhecer seus pais. Cheguei até a comprar um perfume novo - sempre fui viciada em perfumes, e esse eu realmente havia adorado.
Seus pais moravam do outro lado da cidade, a viagem levava algumas horas. Iríamos almoçar com eles, então saímos assim que acordamos. Me arrumei, meio depressa, porque Bruno não parava de dizer que iríamos nos atrazar e, quando já estávamos na estrada, falei preocupada:
- Bruno! Não acredito! - levei a mão à testa e pressionei os olhos, depois olhei para ele, que estava no volante - esqueci de usar meu perfume!
Ele ficou quieto, e depois deixou um sorriso esboçado no rosto, até que segurou minha mão e disse:
- Ah, Mila, não esquente a cabeça com isso. É só um perfume, e você nem precisa de um para ficar cheirosa.. - ele falou e depois sorriu, fofo. Mesmo assim, rebati:
- Não, amor, você não está entendendo! Eu havia comprado justamente para usar hoje, conhecendo seus pais - falei preocupada e desanimada.
- Mila, é sério, você não sabe o quanto seu cheiro natural é bom. É doce, é viciante. Se depender de seu cheiro para meus pais te aprovarem, não se preocupe - e ele apertou minha mão, depois piscou e focou seu olhar na estrada, e continuou falando: Toda vez que te abraço não tenho vontade de soltar... E nos dias que não dorme na minha casa, durmo com o travisseiro que você costuma usar. Adivinha por que?
- Meu cheiro? - me perguntei, sorrindo e levando meu pulso até o nariz e tentando sentir meu próprio cheiro, meu aroma natural. Enquanto isso, ele confessou, com um sorriso, que minha resposta estava certa.

Dois anos depois...
- Mila? - ouvi uma voz aos fundos da loja de perfumes que eu me encontrava. Me virei e então, senti meu coração acelerar.
- Bruno! - sorri e o abracei, com um frasco de perfume lilás na mão - Quanto tempo! - e então, percebi que o abraço demorou um pouco mais do que eu esperava.. Talvez porque ele sentira falta de mim. Fiquei confusa, e como uma tonta, sorri de novo.
- Demais. Você sumiu! - ele disse, com os olhos me encarando e um sorriso meigo estampado - Isso é um perfume? - falou, apontado para o frasco que estava entre minhas mãos.
- Ah, sim - falei, e então fitei o nome do perfume enquanto falava - O primeiro que compro desde que, você sabe.. Conheci seus pais.

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