quinta-feira, 7 de junho de 2012

encontro marcado

Ele não era nem de longe o mais bonito, enquanto ela era o sonho de qualquer um. Ele era estranho, usava óculos, magricelo, cabelos ruivos desgrenhados e pele branca, sempre aparentando palidez. Ela, por sua vez, era parâmetro de beleza para as garotas mais novas.
A história era que ele era o sonho da jovem. E por mais que essa fosse a condição, ele não dava lá muita importância. Não tanta quanto maioria dos meninos dariam.
- Chamei algumas pessoas para passar a noite em casa hoje. Se você quiser ir... - ela convidou, sutilmente.
- Acho que vou ficar em casa mesmo - ele respondeu, calmamente.
Ela o olhou, séria, esperando que ele mudasse de ideia ou algo do gênero. Roía as unhas.
- Não sou de fazer média ou ir à lugares muito cheios, se me entende - ele explicou.
- Entendo, não é fã de companhia - ela disse, agora olhando para as unhas, desapontada.
Ele então passou a andar, após fazer um gesto distraído e sorrir para a garota.
- Sabe - ela disse, fazendo-o olhar para trás em seguida - Se quiser ir tomar um café ou coisa parecida, não sei - concluiu, timidamente.
- Aprecio seus convites, de verdade - ele falou, dando meia volta e parando na frente dela - Mas não pode discordar que acabaríamos sem assunto. Pode ser constrangedor. Sei que não está acostumada com essas situações e está sempre rodeada de pessoas falando sem parar, mas eu não sou a companhia que você quer que eu seja.
- Vinicius, não estou esperando nada de você, ao contrário de ti, que está me vendo como um mero rostinho bonitinho, uma loira burra ou qualquer outra bosta que o valha - insistiu, alterando a voz - Não se feche tanto, eu posso te surpreender - ela avisou, continuando em seguida com um sorriso estampado - Podemos não conversar também, sei que gosta de café. E tem uma cafeteria excelente aqui perto.
Ele levou alguns segundos, mas retribuiu o sorriso.
- Certo. Você quem sabe. Quer ir agora ou mais tarde?
- Estou de uniforme. Gostaria de ir pra casa antes, mas hoje não vai dar tempo. Que tal amanhã? - sugeriu.
- A gente se fala, combinado? - ele disse, olhando para o relógio e ajeitando os óculos em seguida, que havia se deslocado com o movimento anterior.
Trocaram seus números de celular e Vinicius retornou a caminhar em direção a sua casa. Ela, por sua vez, sorria como boba. Adorava a ideia de ter a chance de sair com alguém que estaria interessado em muitas outras coisas antes de levar em consideração as voluptuosas curvas de seu corpo. Além do fato de que teria de se esforçar para conhecê-lo, desfechá-lo, ou ao menos tentar ambas as possibilidades. Se perguntava se seria um encontro enquanto passou a andar animada na direção de sua casa, eis uma mensagem lhe informando endereço e horário de onde se encontrariam no dia seguinte. Sorriu.

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