quinta-feira, 10 de junho de 2010

pra sempre

Era a comemoração do aniversário de uma velha amiga dela, e ela estava bem. Muito bem. Conversava com todo mundo, sorria para tudo e, a princípio, nada parecia estar errado. Ela já tinha alguns problemas - pequenos problemas - na cabeça, mas nada que lhe viesse incomodar naquele momento, pelo menos não tão cedo.
Muitos dos seus melhores amigos estavam ali, e ela reparou que, ao longo de toda a festa, um dos seus amigos mais especiais, que ela mais considerava, não parava de tocar violão. A mente dele estava avoada, ele não parecia estar ali, com todo mundo. Era como se estivesse ele, e seu violão. E ela olhava e sorria, porque aquilo era tão ele.
Enfim, ainda não era tarde, mas ela já estava indo embora, pois tinha outros lugares para ir, outros momentos históricos para vivenciar. Se ela pudesse, abraçaria o mundo, estaria em dois lugares ao mesmo tempo.
Quando foi se despedir de todos seus amigos, o menino que estava tocando violão segurou sua mão e falou:
- Espera, senta aqui do meu lado, só um pouco - e logo desviou seu olhar para o violão.
Ela deu um sorriso sutil e se sentou, ao seu lado.
- Diz, Gabriel - e segurou sua mão, tantas vezes já havia segurado aquela mão... fosse para apertar durante um choro ou para levá-lo a algum lugar para passar algum tempo junto.
- Eu tô indo embora.
Ela não entendeu.
- Como assim? - perguntou, inocente.
- Eu vou para Salvador, em duas semanas. Vou me mudar.
O chão foi embora. Sumiu. Não havia nada segurando seus pés, era só ela procurando alguma coisa para se segurar.
Seus olhos, antes que ela pudesse contar os segundos, se lotaram de lágrimas.
- Não. O que? Gá, não. Não faz isso comigo, por favor - ela falou, e começou a chorar, chorar, chorar...
- É o trabalho da minha mãe... - ele disse, com os olhos úmidos - Vem cá, não fica assim - foram as palavras, honestas como nunca, que ele disse antes de se levantar e abraçá-la.
Ela chorava, chorava, chorava. Nada podia ser tão ruim. E em seu abraço, apertando-o para que ele nunca saísse dali, ela sussurrava "tudo o que eu não precisava...".
E então todos perceberam que a alegria dela, o sorriso do seu rosto... havia desaparecido. Ela estava acabada, como se uma parte dela fosse embora com ele... E isso era exatamente o que estava para acontecer com seu coração.
Ela olhou nos seus olhos escuros, que a faziam nadar em sua imensidão, e falou com a mão nas bochechas dele, daquele rosto moreno:
- Eu te amo, me promete que nada vai ficar para trás, que tudo vai durar?
E ele falou:
- Pra sempre.
E encheu sua bochecha de beijos, e a apertou num abraço eterno. Já era para sempre. Nenhuma distância podia separar qualquer sentimento entre eles. Era amizade de verdade.

ps. história completamente verídica, dedicado ao Gabriel Magalhães, que vai estar sempre comigo.

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